quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Um escrevedor fala de memória musical - I.

 

Um escrevedor fala de memória musical - I.

 

Com o título acima, tem início uma nova série de escritos, desta vez com um tema muito caro ao seu propositor, uma vez que os acordes melódicos e os diversos instrumentos que os executa, funcionam como um bálsamo regenerador do seu corpo e da sua alma. A memória musical deste escrevedor é bastante vasta, consistindo em um grande e variado acervo melódico, construído e alimentado desde sua tenra idade. Ao longo de mais de 50 anos, inúmeras músicas foram ouvidas, apreciadas e armazenadas em um rememorar constante, parte delas muitas vezes realimentadas por audições frequentes; outra parte, permanecera quase esquecida, mas nunca de todo apagada, sendo reavivada quer por raríssimas escutas em transmissões radiofônicas, quer por fragmentos que, vez por outra, ressurgem dispersos e desconexos em alguns assomos de lembranças vagas e/ou confusas, perdidas no tempo cada vez mais afastado.

É assim que, semanalmente, se pretende publicar crônicas alusivas a músicas que entraram nos ouvidos frágeis deste garatujador e, de lá nunca mais saíram, pois se arraigaram na sua excelente memória melódica.

Para a estreia desta série, se trará a música que inspirou a ideia destas crônicas, ligando músicas ao seu rememorar, ligando-o a pessoas, lugares e tempos históricos bem definidos.

Nas longas e quase intermináveis tardes de sua solidão, lá pelos idos de 1978, talvez estudasse a noite, este escrevedor munia-se de fichas telefônicas e se dirigia até a praça Maestro Santa Isabel, com o objetivo de utilizar um dos telefones públicos recém instalados na cidade, como parte da expansão da Telebahia, a fim de ligar para a rádio Clube de Salvador e falar com o locutor da tarde, Armando Mariane e, pedir que tocasse a sua música preferida. Isto feito, subia até o fim da praça, sentava-se à sombra da Igreja ali existente e, aguardava que o seu pedido fosse atendido.

A música era em inglês, o que implicava em desconhecer completamente o que dizia a letra que era cantada. Então, o que tanto atraía o moço, para querer ouvir aquela música, tantas vezes quantas pudesse? Uma música aparentemente simples em sua construção melódica era profundamente tocante aos sentidos do seu apreciador, dando a ele uma sensação de indescritível emoção ao ouvir o seu pedido atendido, mesmo quando o locutor não conseguia pronunciar satisfatoriamente, ou o nome de quem pediu, ou a cidade de onde lhe chegou o pedido.

Não vinha ao caso. O que importava é que o locutor lhe atendera o pedido musical e ele poderia ouvir e guardar aqueles sons em sua memória.

O que explicaria tamanha alegria sentida ao ouvir aquela música, apertando o rádio ao ouvido e, acabado aquele momento de raro enlevo, a sensação de vazio, levando ao desejo de ouvir outra vez, de novo, outra vez e, ainda mais uma vez? Um tal sentimento, fazia com que ele voltasse no dia seguinte ao mesmo lugar, a pedir a mesma música e a voltar a sentar-se à mesma sombra da Igreja, para esperar que sua música fosse outra vez tocada.

Certamente os psicólogos, pedagogos e outros ilustres estudiosos do sentir humano, já desenvolveram várias respostas para as indagações formuladas acima. Mas, cá entre nós, para este escrevedor, nenhuma delas faz qualquer sentido lógico ou fenomenológico.

E, afinal, qual era a música? Quem a interpretava?

Curiosos? Calma! Já se dirá. Ou antes: já se saberá, ao clicar no link.

https://youtu.be/jZEPIpTpoPs

 

Professor José Jorge Andrade Damasceno – 01 de outubro de 2020.

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