quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O que quer a imprensa fazer crer?

Fiquei por um tempo acompanhando pelo twitter a expectativa criada em torno do aparecimento do presidente egípcio, Hosni Mubarak, para o esperado e já tido como certo, anúncio de sua saída do posto de dirigente máxsimo do Egito, que já ocupa a 30 anos.
Ao perceber que tal anúncio não se daria, que os “posts” seguintes indicariam uma certa decepção com o fato óbvio de tal anúncio não acontecer, comecei a suspeitar que há uma ânsia generalizada por viver momentos “históricos”, ainda que forçando a história. Se assim não o é, quem poderia então explicar:
O que teria levado a imprensa nacional, a imprensa internacional, “blogueiros”, "twiteiros" e grande parte dos ativistas e agentes formadores de opinião pública,
a acreditar que o dirigente egípcio renunciaria, apenas por que é o desejo e parte da exigência de manifestantes reais e/ou virtuais?
Desde quando políticos nacionais, ou dirigentes internacionais,se "apeam" do poder, apenas para atender aos gritos de manifestantes,ainda que em grande número
e com espalhafatosa cobertura mediática?
Quem ainda acredita que o presidente brasileiro eleito em 1989, foi "apeado" do seu pedestal de arrogância e prepotência em 1992, por conta das manifestações dos "caras pintadas",
ou mesmo pela vontade "soberana"do egrégio Congresso Nacional?
Por que só agora, diante dos fatos que já se desenrolam há algumas semanas, o ocidente “democrático” se apresenta como o “fiador” da vontade do “povo egípcio”, deliberada e inesplicavelmente ignorando os demais povos da região, iguamente submetidos aos seus dirigentes plenipotenciários?
Diante da escancarada hipocrisia social manifesta nos meios de formação de opinião, é impossível não se levantar estes pontos, uma vez que a avidez com que se quer fazer crer que a “vontade do povo” está se fazendo difundir pelo mundo a fora, não corresponde àquilo que efetivamente possa estar por trás de toda esta cobertura jornalística, movendo os desejos de “twiteiros” e “blogueiros”, no sentido da renúncia do Presidente egípicio. Há algum interesse submerso em toda esta panacéia mediática, em torno das manifestações que vem ocorrendo no Egito. Há que se ficar atento a tudo isto.
José Jorge Andrade Damasceno, Professor adjunto na universidade do Estado da Bahia, Campus II, Alagoinhas.
e-mail: historiadorbaiano@gmail.com