sábado, 5 de agosto de 2023

História e Música - Parte II - A Guerrilheira estilhaça blindagens e esmigalha carapaças.

História e música – Parte II – A Guerrilheira estilhaça blindagens e esmigalha carapaças.

 

Corria o ano da graça de 2013; nos seus primeiros três meses. Não é possível precisar quanto tempo decorreu entre a sua primeira aparição abrupta e avassaladora e os primeiros diálogos entabulados entre aquela “guerrilheira” e aquele sujeito que acreditava estar afeito aos enfrentamentos da guerra cujo terreno é o coração, a partir de sua bem construída fortaleza.

Bem guardado por sua espessa blindagem e envolto em grossas camadas de carapaças, ele se acreditava tão inexpugnável, ao ponto de acreditar resistiria a quaisquer movimentos daquela guerrilheira e que facilmente repeliria um eventual ataque desferido por quem estava munida apenas de armas leves e frágeis, pouco ou nada acreditando que pudesse dispor de táticas capazes de alcançar qualquer êxito em um possível confronto.

Na verdade, é bom que se diga, sequer ele acreditava que aquela menina arisca e bem dotada de todos os encantos, teria algum interesse em realizar algum movimento que o tivesse como alvo. Afinal, quem não gostaria de ter o privilégio de cercá-la, cortejá-la, conquistá-la? Faria ela algum movimento de guerrilha na direção daquele velho e cansado guerreiro, mais preocupado em se resguardar de enfrentar outras batalhas, do que de as provocar?

Por que, se ela era uma terra nova, culta e fértil e, todos quantos fossem sensatos e sábios, quereriam arrebatar para si?

Assim pensando, procurou e obteve a chance de estabelecer alguma aproximação; trocaram mensagens, contatos, endereços eletrônicos... conversas se amiudaram; passaram a trocar ideias, em conversas despretensiosas e amenas, cada um explorando as capacidades cognitivas do outro; envolvendo os assuntos mais variados e diversificados, de modo que não houvesse espaço para quaisquer avanços, sem que se não armasse cada um com as suas respectivas forças de defesa, intentando impossibilitar que as linhas demarcatórias fossem ultrapassadas; qualquer erro poderia resultar em um ataque preventivo, perpetrado por cada um dos lados e, até mesmo, o nascimento de uma inimizade de difícil reversão.

Assim, eles permaneceram se resguardando mutuamente. Ela porém, por ser leve, ágil e hábil, sem que o fortificado pudesse repelir em tempo, lançou uma bomba poética em direção à porta principal da fortaleza que aquele fortificado edificara tão cuidadosamente e, rompeu, quase que imediatamente, os principais fundamentos das blindagens ali superpostas, promovendo a imediata invasão do local, sem que houvesse tempo de ser repelida.

Aproveitara o inesperado do gesto e, tratou de esgarçar as carapaças que lhe guardava as portas do coração e, lá entrou, quebrou os últimos focos de resistência; se alojou indelevelmente; estabelecida no espaço que parecia ter sido talhado para ela, fortificou-se ali, sem deixar qualquer margem para uma efetiva e eficaz reação, no sentido de lhe fazer voltar às posições anteriores.

Sim: ela conquistou a fortaleza; fez dali o seu lugar de ações táticas; dela saiu, apenas para buscar reforços, visto que o fortificado fora deixado amarrado à sua própria alma, sem que houvesse qualquer chance de desamarrar-se por si só.  Não mais poderia voltar à orgulhosa posição de “inexpugnável”, ostentada até momentos antes do movimento tático levado a bom termo por aquela guerrilheira faceira, que se atrevera a promover a conquista de um fortificado, tornando-o indefeso e incapaz de resistir aos encantos que logo foram derramados sobre todo o seu ser, transformando-o em seu perpétuo prisioneiro.

A curiosidade do leitor deve estar aguçada, visto que se falou que “uma bomba poética” fora lançada dentro da fortaleza, esmiuçando lhe e transformando em fragmentos, toda a blindagem que a guardava. Enquanto eram trocadas mensagens, ideias e impressões, ambos estudavam o terreno onde cada um se movia; ela, mais atenta e eficiente, logo iniciou o bombardeio com eficácia, visto que, escolhera adrede, músicas que, no conjunto formado por melodias e versos, pudessem atingir e transpor as carapaças que foram interpostas com o objetivo de evitar que uma flecha, ainda que a mais sutil, viesse a penetrar e a se alojar onde pudesse injetar o doce veneno da querência. Ele já estava exausto de descuidar-se e, fizera o propósito de não mais se deixar inebriar por querências ou quereres, que, depois de o vencer, o deixaram sangrando, quase a morrer.

Destarte, a guerrilheira lança mão de armas poéticas de calibre suficiente para esboroar os escudos mais resistentes que aquele fortificado pudesse dispor. Portanto, duas músicas foram enviadas, em um curto intervalo de tempo, para que, a soma das duas, viesse a funcionar como a poderosa bomba que, ao mesmo tempo quebraria as blindagens e espedaçaria as carapaças que o protegeriam, deixando-o indefeso, facilitando o trabalho de conquista.

A primeira delas: Simone – Quem é você.

 

 https://youtu.be/rgXNUWz-ro https://youtu.be/rgXNUWz-ro0

https://youtu.be/rgXNUWz-ro0

 

A segunda: Sandra de Sá – Com você tudo fica melhor.

 

https://youtu.be/nvnTkJ1zxlw

 

Como o leitor pode perceber, as músicas foram enviadas com o intuito de dizer ao fortificado, que os demais guerreiros que pretendessem conquistar o coração da Guerrilheira, não tinham chance de avançar um único milímetro, sem que ela não o defendesse com força e valentia.

 

05 de agosto de 2023

 

 

Jorge Damasceno