quarta-feira, 30 de junho de 2021

Vencido mais um semestre. Mas, e daí: milhares não o puderam completar!

 

Trinta de junho – mais de um ano (com)finados

Desde fevereiro de 2020, a Covid19 domina todos os cenários de mortes, angústias e aflições por todo o mundo habitado, sem que quaisquer roteirista de filmes ou séries fossem capazes de antecipar em sua quase inacreditável criatividade. Talvez não haja nenhum precedente entre os produtores de películas de “ficção científica” que tenha podido imaginar tão catastrófico período do viver humano.

Há pouco mais de cem anos era a insensatamente denominada “Gripe Espanhola” que roubava a cena e a vida de alguns milhões de pessoas mundo a fora; mas, diante da atual pandemia, parece que ela será desbancada tanto no que tange ao número de pessoas atingidas, quanto no tocante à duração de seus efeitos devastadores de vidas e relações de toda a ordem.

No Brasil, a Covid19 tem uma incidência ainda mais devastadora, no sentido de atingir a sociedade, a economia, a saúde – quando estas linhas estão sendo escritas, o número de mortes notificadas já avança para alcançar quinhentos e vinte mil pessoas – e, como se não já fosse grande a derrocada, arrastou um grande oceano de lama pútrida para a já putrefata política governamental ora vigente no País.

Os elementos que deveriam coordenar as ações impeditivas do avanço da pandemia; que deveriam envidar esforços para socorrer os que por ela fossem atingidos, passaram a ver a desgraça que se abate sobre grande número de famílias brasileiras, como uma oportunidade de lucrar, de ampliar ainda mais os ganhos financeiros, mediante os diversos mecanismos sobejamente conhecidos e utilizados pelos excelentíssimos senhores abutres que se lançam esfomeados sobre o erário, promovendo negociatas com os diversos itens de socorro e proteção da população.

O que para os atingidos pela pandemia tem sido motivo de tristeza e dor, para os achacadores da nação, trata-se de uma entre tantas maneiras de engordar os seus cofres pessoais, já obesos, mas nunca fartos, da gordura arrancada do contribuinte.

Quanto aos demais, eles recomendam ainda que tacitamente, que enterrem os seus finados, engulam o choro e prossigam se expondo para aumentar ainda mais o número dos que serão contaminados e/ou sejam mortos pelo Vírus original, ou por suas muitas variantes. Afinal, é assim que eles enriquecem um pouco mais; é assim que suas fortunas ficam ainda mais volumosas; é assim que surgem as oportunidades de encetarem negociatas para a obtenção de maiores vantagens, propinas e, sobretudo, reforçar as suas relações de poder, mediante a cooptação do legislativo que os sustentam e salvaguardam.

 

José Jorge Andrade Damasceno- 30 de junho de 2021.