Era março, talvez abril ou, quem sabe maio... Certo mesmo é que era
noite.
Tendo saído logo depois do jantar aquele jantar de filhos de
trabalhadora informal, sem patrão ou salário definidos, este autor e seu irmão
mais velho, já falecido,nos dirigimos ao outrora calmo centro da cidade de
Alagoinhas, levados pela kombe que realizava o transporte coletivo.
Tendo Chegado ao terminal situado à praça Castro Leal, tomou-se a
rua lateral a delegacia, na direção da José Olímpio, virando a esquerda e, após
virar a ddireita, pegou-se a Praça Ruy Barbosa,passando na frente de várias
residências que ainda não tinham sido transformadas em clínicas ou simplesmente
demolidas, como a casa dos Farane e a dos Rabelo, seguiu-se em frente,
alcançando a Elvira Dórea,marcadamente residencial, sobretudo, dos “de posse”,
avançou-se até uma vasta área de poucas habitações, cujo prédio mais imponente,
não só pela sua construção, mas também por até então não possuir algum outro que
lhe ofuscasse o brilho, era o Alagoinhas Tênis Clube.
Ao ingressar na rua para onde se voltava a frente do Tênis, ao lado
esquerdo se eregia o que viria a ser o Estádio Municipal Antônio Carneiro. Mais
adiante, do mesmo lado, quase comprimido se encontrava o até então imponente
Ginásio de Alagoinhas, que doravante, ficara escondido pela impoonência do
prédio que si fizera erguer logo ao seu lado: o Centro Integrado Luís Navarro
de Brito, que ficou conhecido apenas pelo nome de “Estadual”.
Ali estava, diante de nós, aberto ao nosso ingresso, aquele complexo
escolar, que saíra da idéia de Anísio Teixeira, com grandes pavilhões de salas
de aula, amplas e arejadas, com áreas para instalação de oficinas,
laboratórios, bibliotecas, precisamente como ele imaginara, estavelecer um
espaço onde o aluno pudesse permanescer a maior parte do seu tempo de
aprendizagem.
Era um prédio novíssimo; com seus cheiros de tintas e madeiras ainda
frescas; e com suas portas de vidro na entrada dos pavilhões de aulas; com grandes
intervalos entre eles; era grande e promissor aquele centro integrado, mesmo que
à autura daquela visita, algumas áreas ainda estivessem em processo de
construção e/ou conclusão.
Ali estava o Estadual,diante do torpor que este escrevente
experimentava, visto ser estudante do minúsculo Brasilino Viegas, espaço que
ele tinha plenamente sob seus pés; agora estava ali, extasiado, diante de uma
imensidão que, para os seus nove anos completados, parecia-lhe inalcansável.
Ah, como queria estar adiantado na seriação, para poder ser matriculado, para
poder esquadrinhar todo aquele espaço de pavilhões de aulas e laboratórios;
para poder orgulhosamente dizer a todos que estudaria no estadual.
Tal desejo só veio a se consumar cinco anos depois, quando ali
entrou para cursar a quinta série do primeiro grau, em uma das salas do
pavilhão Luís viana, momento de alegria indescritível, aquele em que se
assentou pela primeira vez naquelas carteiras que, na quela noite, só se lhe
afigurara na imaginação.
O que foram fazer lá, não me ocorre precisar. Certo mesmo é que
aquela noite, talvez depois de um dia chuvoso, ficou na memória olfativa deste autor,
o cheiro da vegetação ainda abundante naquelas cercanias, os cheiros sentidos
dentro daquele prédio, talvez ainda com pouquíssimos alunos, os cheiros das
pessoas, bem como das casas por onde passou ou entrou, além dos cheiros
produzidos pelos poucos carros que já circulavam na cidade, brotam-lhe na
lembrança, como se tivessem sendo sentidos no preciso momento em que as
palavras se me escoam dos dedos.