quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Alagoinhas 1970: a primeira vez que fui no “Estadual”.



 

Era março, talvez abril ou, quem sabe maio... Certo mesmo é que era noite.

Tendo saído logo depois do jantar aquele jantar de filhos de trabalhadora informal, sem patrão ou salário definidos, este autor e seu irmão mais velho, já falecido,nos dirigimos ao outrora calmo centro da cidade de Alagoinhas, levados pela kombe que realizava o transporte coletivo.

Tendo Chegado ao terminal situado à praça Castro Leal, tomou-se a rua lateral a delegacia, na direção da José Olímpio, virando a esquerda e, após virar a ddireita, pegou-se a Praça Ruy Barbosa,passando na frente de várias residências que ainda não tinham sido transformadas em clínicas ou simplesmente demolidas, como a casa dos Farane e a dos Rabelo, seguiu-se em frente, alcançando a Elvira Dórea,marcadamente residencial, sobretudo, dos “de posse”, avançou-se até uma vasta área de poucas habitações, cujo prédio mais imponente, não só pela sua construção, mas também por até então não possuir algum outro que lhe ofuscasse o brilho, era o Alagoinhas Tênis Clube.

Ao ingressar na rua para onde se voltava a frente do Tênis, ao lado esquerdo se eregia o que viria a ser o Estádio Municipal Antônio Carneiro. Mais adiante, do mesmo lado, quase comprimido se encontrava o até então imponente Ginásio de Alagoinhas, que doravante, ficara escondido pela impoonência do prédio que si fizera erguer logo ao seu lado: o Centro Integrado Luís Navarro de Brito, que ficou conhecido apenas pelo nome de “Estadual”.

Ali estava, diante de nós, aberto ao nosso ingresso, aquele complexo escolar, que saíra da idéia de Anísio Teixeira, com grandes pavilhões de salas de aula, amplas e arejadas, com áreas para instalação de oficinas, laboratórios, bibliotecas, precisamente como ele imaginara, estavelecer um espaço onde o aluno pudesse permanescer a maior parte do seu tempo de aprendizagem.

Era um prédio novíssimo; com seus cheiros de tintas e madeiras ainda frescas; e com suas portas de vidro na entrada dos pavilhões de aulas; com grandes intervalos entre eles; era grande e promissor aquele centro integrado, mesmo que à autura daquela visita, algumas áreas ainda estivessem em processo de construção e/ou conclusão.

Ali estava o Estadual,diante do torpor que este escrevente experimentava, visto ser estudante do minúsculo Brasilino Viegas, espaço que ele tinha plenamente sob seus pés; agora estava ali, extasiado, diante de uma imensidão que, para os seus nove anos completados, parecia-lhe inalcansável. Ah, como queria estar adiantado na seriação, para poder ser matriculado, para poder esquadrinhar todo aquele espaço de pavilhões de aulas e laboratórios; para poder orgulhosamente dizer a todos que estudaria no estadual.

Tal desejo só veio a se consumar cinco anos depois, quando ali entrou para cursar a quinta série do primeiro grau, em uma das salas do pavilhão Luís viana, momento de alegria indescritível, aquele em que se assentou pela primeira vez naquelas carteiras que, na quela noite, só se lhe afigurara na imaginação.

O que foram fazer lá, não me ocorre precisar. Certo mesmo é que aquela noite, talvez depois de um dia chuvoso, ficou na memória olfativa deste autor, o cheiro da vegetação ainda abundante naquelas cercanias, os cheiros sentidos dentro daquele prédio, talvez ainda com pouquíssimos alunos, os cheiros das pessoas, bem como das casas por onde passou ou entrou, além dos cheiros produzidos pelos poucos carros que já circulavam na cidade, brotam-lhe na lembrança, como se tivessem sendo sentidos no preciso momento em que as palavras se me escoam dos dedos.