terça-feira, 5 de maio de 2020

Com vontade de escrever ... mas ...

Hoje, eu acordei com vontade de escrever. Mas, o que escrever? Por que escrever? para quê escrever?
Não é que falte assunto; não é que falte disposição... Mas ...
O que escrever que já não foi escrito? Ou o que dizer que já não foi dito? O que haveria de novo "debaixo do sol" para que aqui se pudesse discorrer, sem incorrer em "vagueares" em águas por muito e por muitas vezes navegadas?
É certo que, nestes últimos pouco mais de cem dias, vive-se uma devastadora "pandemia" viral que, viajando ao redor do planeta, atravessando os oceanos, singrando os mares, planeando os ares  e palmilhando os continentes e, em seu percurso vai desconhecendo distâncias, fronteiras, nacionalidades, culturas, religião ou cor de pele; idade ou condição social, poder econômico ou importância política. Ao que se sabe, o tal de "novo Coronavirus" já seifou vidas humanas, não aos milhares, mas, sim, às centenas de milhares... Mas, como diria um ocupante de cadeira presidencial "e daí"? Já não se falou sobre este assunto à exaustão? As inúmeras gerações de humanos que habitam a terra, já não foram engolfadas por outras centenas de epidemias, pandemias, pragas e pestes, com muitos milhões de mortes? Em que difere esta penúltima - ou antepenúltima - das demais que já passaram, deixando rastros de destruição e nas suas pegadas profundas pelo solo terráqueo, deixando sulcos de  muita dor naqueles que perdem os seus, produzindo "prantos e rangeres de dentes"?

E, aqueles que a elas sovreviveram, por ventura se tornaram melhores homens e mulheres; melhores sociedades; melhores organizações humanas; mais solidárias e solícitas ao clamor dos que tem fome de pão, ao gemido dos que tem sede de água; se fizeram sensíveis para com o clamor por justiças - de quaisquer ordem -; aos anseios de equidade e mutualidade?
Bom, a julgar pela história de guerras, conflitos de terra, explorações de povos tidos como "inferiores" por outros povos, massacres e aprisionamentos de pessoas humanas, inferiorizadas e subjugadas por outras pessoas humanas; das guerras fratricidas, dos holocaustos, dos genocídios ocorridos depois das diversas mortandades  que sobrevieram aos humanos, ao longo dos milênios... dá para inferir que as pragas passaram avassaladoras como desce a enxurrada do cimo do mais alto monte e leva de roldão tudo que encontre pela frente, sem promoverem nos homens o menor desejo de se abster de sua sanha dominadora.
Apenas para citar um exemplo: as terras encontradas pelos europeus ocidentais, localizadas ao oeste do "velho mundo", logo denominadas "América" ou "Novo Mundo", teve grande parte de sua população nativa dizimada por endemias e pandemias trazidas pelos "conquistadores vindos nos navios, junto com as quinquilharias, as "heresias",as "crendices" populares e eclesiásticas  medievais, a "eucaristia", as roupas, os espelhos, a língua "românica" que acompanharam os "civilizadores" que aportaram em terras que acreditaram ser a "Índia".
 Voltando ao tempo presente, ao que parece, analisando-se os desdobramentos do evento pandêmico em curso, não se vislumbra quaisquer vestígios de que a humanidade que sobreviva a ele, passe a pensar, agir e viver de uma forma menos agressiva e egoísta do que vivera até uns três ou quatro meses atrás...
E o "pandemônio político" que graça avassalador sobre o Brasil de 2020? Bom... Quanto a isto ... outros tem escrito abundantemente nas redes sociais, nas revistas semanais e nos jornais diários ... Embora este escrevedor aprecie tais discussões, ele não possue elementos consistentes para desenvolver uma análise sobre o atual momento brasileiro, com o rigor e a responsabilidade que se exige em tais casos.
Pronto. Escrevi.
Professor Jorge Damasceno

4 comentários:

  1. Achei uma excelente provocação, caro "escrevedor". Muitas vezes tive o mesmo sentimento sem o seu destemor. Comecei a pensar na possibilidade de fazer o mesmo.

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  2. Pois então: faça-o. Escreva que eu publico; ao menos, não fico só!

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  3. Poesia e sensibilidade em tempos de pandemia . Parabéns Jorginho !!

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  4. Parabéns, professor!
    Ao escrever, essa sensação de surfar nas mesmas ondas, na mesma prancha e no mesmo mar, te liberta de outra, pior e mais incômoda sensação: a de achar que deveria ter dito ou alguma COISA.

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