domingo, 15 de agosto de 2021

HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE UM TEMPO VIVIDO EM SALVADOR – IX- “AS 14 MAIS” TOCADAS NO RÁDIO - ouvidas, cantadas e solfejadas PELOS INTERNOS DO Instituto em 1975!

HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE UM TEMPO VIVIDO EM SALVADOR – IX- “AS 14 MAIS” TOCADAS NO RÁDIO - ouvidas, cantadas e solfejadas PELOS INTERNOS DO Instituto em 1975!

 

Já se disse aqui e/ou alhures, que para grande parte das pessoas cegas, o rádio funcionara como um psicólogo, psiquiatra, terapeuta e analista. Por meio dele, era possível encontrar lenitivo para os seus momentos de tensão, de tristeza e de saudades de casa; bem como igualmente era o promotor de suas alegrias, o difusor do conhecimento e distribuidor de notícias, das emoções do futebol, bem como era o veículo que levava aos seus ouvintes, fragmentos de saberes, os mais diversos. Sobretudo, era por meio do rádio que lhe era permitido entrar em contato com a grande variedade de estilos musicais que nas décadas de sessenta e setenta se tornava cada vez mais ampla.

Embora os internos do Instituto contassem com assistência psicológica e social – apesar de muitos deles desconfiarem das pessoas encarregadas pelo exercício  daquelas atividades -; a despeito de terem assistência religiosa – afinal, contava-se com uma capela de frequência obrigatória e com um Padre que “dizia missas” regularmente aos domingos, cuja assistência por parte dos internos, era igualmente obrigatória -, o rádio era o que de fato desempenhava o papel de “agente” terapêutico naqueles indivíduos de origens socioculturais e de desenvolvimento escolar tão diversas, quanto eram diversos os seus temperamentos, os seus níveis de maturidade e os seus estágios de sanidade mental

Na cidade de Salvador e em seu entorno, o espectro dos receptores de rádio de então, em “Amplitude Modulada (AM)” – ainda em processo de transição e, a “frequência Modulada (FM) ainda em processo de implantação -, em março daquele ano, contava com cinco emissoras: Rádio Cruzeiro da Bahia; rádio Sociedade da Bahia; rádio Excelsior da Bahia; Rádio Bahia; e, Rádio Cultura da Bahia; todas elas tendo algumas décadas de implantação e funcionamento, sendo a Sociedade da Bahia a mais antiga delas, à época, uma das afiliadas dos já decadentes “Diários Associados” de Assis Chateaubriand (1892-1968), e, que transmitia a sua programação desde os distantes idos de 1924.

No entanto, o segundo semestre se inicia, marcado pela fundação da Rádio Clube de Salvador, por iniciativa do radialista Antônio França Teixeira (1944-2013), em sociedade com vários de seus amigos e anunciantes. Impulsionada pela novidade e pela ousadia do empreendimento, aquela nova emissora despertou a curiosidade e, logo ganhou a simpatia de muitos, sobretudo, dos internos do Instituto de cegos, ouvintes de rádio “par excelence”, como não poderia deixar de sê-lo.

A audição radiofônica daquele grupo social era “uniformemente” diversificada – como por certo o era nos demais grupos que conformavam a sociedade soteropolitana -, que se manifestava desde as assistências aos programas musicais, passando pelas resenhas e transmissões esportivas,, tendo lugar também a audição de programas jornalísticos, religiosos – que à época ainda eram poucos -, sensacionalismos e, até mesmo, havia lugar para “A voz Do  Brasil” e o “projeto Minerva” – este último, enfrentava a dificuldade imposta pelo fato de sua apresentação se dar no mesmo horário em que os internos já deveriam estar “no silêncio” (a partir das vinte horas, impreterivelmente).

As resenhas e as transmissões esportivas dominicais, eram ouvidas simultaneamente por quase todos os internos, exceto aqueles poucos que não gostavam de futebol. Mas, A música era, sem sombra de dúvidas, o grande vetor que elevava os níveis de audiência radiofônica entre os internos, atraindo, agradando, apurando os gostos, as preferências e até mesmo, provocando os debates entre eles, sobretudo, quando se discutia   o fato de uma determinada canção ou um determinado intérprete, estar colocada em tal ou qual posição, naquilo que os locutores denominavam “Grande parada musical”, segundo critérios pouco claros, que se trataria de um indicativo do gosto popular.

Embora aqui não se pretenda construir uma lista exaustiva das músicas que eram tocadas no rádio naquele ano, ouvidas, cantadas, ou apenas solfejadas pelos internos do Instituto, o que se pretende é destacar as quatorze mais executadas dentre elas, selecionadas por este escrevedor, cujo critério se concentra no fato de que a sua audição, no momento em que se preparava para redigir estes escritos, fizesse emergir da memória do seu autor, alguma lembrança do momento que fora interno naquele estabelecimento, no primeiro ano que lá permanecera.

Convém salientar de passagem que, uma das partes do título deste arrazoado, é uma alusão ao título de uma coleção de catorze músicas de maior sucesso, reunidas em um só disco, que alcançara grande êxito de vendas  à época – “AS 14 Mais”, da prestigiada gravadora CBS, lançada no início de 1960, que em 1975, já se encontrava no vigésimo oitavo volume e, cuja última edição fora lançada em 1979, o volume 29.

A primeira daquelas músicas, embora gravada em 1974, remete este garatujador ao momento da sua chegada ali, quando conseguia solfejar e até mesmo cantar a parte introdutória da música, que os leitores perceberão que exige um certo fôlego daquele que a quer “interpretar”.

Música 1: 'SUGAR BABY LOVE' by THE RUBETTES

 

https://youtu.be/ErLvWNZm9vc

 

Música 2 - Carl Douglas Kung Fu Fighting

 

https://youtu.be/bmfudW7rbG0

 

Música 3 - Happy Man –

 

https:// youtu.be/UHfw0dV5BII

 

Música 4 - We Said Goodbye - Dave Maclean

 

https://youtu.be/_3Hqlu-4-Aw

 

Música 5 - George Baker Selection Una Paloma Blanca

 

https://youtu.be/R36CixkIaIc

 

Música 6 - Homo Sapiens Tornerai Tornerò

 

https://youtu.be/_OFK2RDxt04

 

Música 7 - Stand by me - The Sound of John Lennon

 

https://youtu.be/QyKNT5I3YUc

 

A música que se segue, era ouvida com grande emoção por quase todos. Quando o primeiro ouvia, todos corriam para sintonizar na mesma rádio que a tocava, ecoando e reverberando pelo espaço de recreação no qual os internos se encontrassem. Este garatujador nunca esqueceu daqueles momentos, embora já se tenham passado mais de 45 anos e, há bastante tempo, não mais a tenha ouvido.

Música 8 - A Little Love and Understanding Little Adrian

 

https://youtu.be/YxwF8nDL6nA

 

Outra versão dela também fora muito executada, na voz de um adulto – que se acreditava ser o pai do menino -, mas não despertava, pelo menos entre os internos, a mesma comoção que a provocada pela interpretação infantil. Ressalte-se que, quase nenhum dos internos que a apreciava, efetivamente sabia o que dizia aquela letra, a mensagem que pretendia passar àqueles que tão emocionadamente a ouviam.

Gilbert Becaud - A Little Love and Understanding

 

https://youtu.be/CwKItmEuiSU

 

A próxima, também reverberava pelos espaços recreativos, mas os que a apreciavam já eram garotos com mais de quatorze anos; um dos seus principais ouvintes, presenteava a todos a partir do seu possante rádio Vansat. Mas, grande parte a possuía em fitas cassete e, claro, a ouvia nos gravadores que eram fornecidos para as leituras – então iniciadas por meio de gravações de livros.

Música 9 - Carpenters Please Mr. Postman

 

https://youtu.be/jNn_UoI97GU

 

Outra que era reverberada pelo mesmo dono do rádio Vansat; que também fazia parte do repertório das fitas cassete. Aliás, esta era cantada como forma de demonstração daquela rebeldia adolescente.

Música 10 - Ovelha Negra Rita Lee

 

https://youtu.be/v3Rdn0qD-MQ

 

Música 11 - Tornerò I Santo Califórnia

 

https://youtu.be/NNLnzdO5Es0

 

Música 12: The Hollies - Don't Let Me Down

 

https://youtu.be/mrNbw2cpv90

 

Música 13: The Hollies - I'm Down

https://youtu.be/WKFzGe4_0uE

 

Mais uma que era ouvida inicialmente pelo som do Vansat e, que depois os outros rádios eram sintonizados; também era parte do repertório das fitas cassete.

Música 14: Ângela Maria - Tango Pra Teresa

 

https://youtu.be/r_P1or76oJE

 

Professor José Jorge Andrade Damasceno – 14/15 de agosto de 2021. 

2 comentários:

  1. Sempre teve um bom gosto musical.
    Lembra meu tempo de adolescente.

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  2. O bom disso, é que eu estava lá e compartilhei desses áureos momentos! Bons tempos, felizes lembranças.

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