quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Carta Aberta - I - Errata

Carta Aberta à Excelentíssima senhora dona Insegurança. Caríssima senhora: cumprimentos acabrunhados. Perdoe se este missivista não sabe ao certo, se a digna senhora é a filha primogênita da dúvida ou, se é a madrasta da incerteza. De qualquer sorte, esta carta aberta é dirigida à sua digníssima pessoa. Talvez tu até já saibas, mas há que se reforçar nesta carta, o fato de que tens sido a causa de inúmeras desgraças de tantos quantos são atormentados pela vossa constante presença em sua vida; qualquer uma das três de vossas senhorias, alimenta os ódios entre as pessoas e os povos, os medos, os temores erráticos ou reais, de maneira a provocar cismas, guerras fratricidas, rompimentos irremediáveis entre amigos, assassinatos de reputações e carreiras, suicídios, feminicídios, homicídios sem conta, devido à semeadura que vossas senhorias provocam e/ou alimentam, fazendo crescer o desejo de não mais abrir-se ao afeto/à fraternidade, à amizade, o medo do fim daquele amor há tanto tempo desejado/esperado, o temor de perdas irreparáveis de relações a tanto custo construídas, provocando o fechamento do coração para a crença nas pessoas. Em outro campo, as vossas presenças acabam oferecendo os álibis os mais diversos e as mais desatinadas desculpas/justificativas – sempre injustificáveis, saliente-se -, para o cometimento de inúmeros crimes hediondos. Doutra sorte, algumas vezes, as senhoras provocam abatimentos profundos e até fazem correr lágrimas quentes e sentidas, tão copiosas quanto dolorosas, uma vez que alguns elementos inerentes ao modo de ser de vossas senhorias, produzem na pessoa acometida pela vossa presença, um forte sentimento de perda – quase sempre infundado, mas que a pessoa atingido não tem “certeza” de o ser -, que o leva a pensar ter de fato perdido, sobretudo, a pessoa a quem ama. O resultado disto, senhoras, é um misto de tristeza e sensação de derrota iminente, quando não, já consumada, de suas pretensões de felicidade e paz. Muitas vezes, caras senhoras, uma palavra quase despropositada, um elogio inconsequente dirigido a outrem, desencadeia a tempestade emocional naquele sobre quem as senhoras insistem em atuar, ensejando um forte mal-estar, forçando ao que é atingido pela presença de vossas senhorias, a buscar forças onde quase não as tem, para evitar um abalo sísmico de grande potencial destruidor, ou para não sucumbir ao peso dos efeitos deletérios inerentes à tais situações. Isto posto, esta missiva dirigida a vossa senhoria, que certamente tem algum controle sobre as outras duas senhoras, vem solicitar que tenha a gentileza de se retirar da presença deste signatário, pois, os danos que a ele foram causados por toda a sua existência, não podem ser mensurados, visto que, como a senhora está farta de saber, ele viveu um sem-número de situações e circunstâncias provocadas pela insistente presença de vossas senhorias em sua vida, desde mesma a sua mais tenra idade. A senhora, dona Insegurança, sabe bem o mal que tem produzido ao longo do percurso deste missivista, razão pela qual ele te escreve esta epístola, solicitando retirada incondicional das trincheiras que a senhora e as tuas outras companheiras construíram e ocuparam altivamente por todo este tempo. Certo de que esta missiva será lida pela senhora e pelas vossas sequazes, que será tomada na devida conta e, que será acatada a solicitação acima exposta, subscreve-se, atenciosamente: Este E Todo Aquele Que Se Sinta Atingido Pela Altiva Presença da Excelentíssima Senhora.

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