segunda-feira, 27 de junho de 2022

Eu quisera!

Eu quisera ser uma pedra!

 

Ah, se eu fosse uma pedra! Sim, uma pedra: uma pedra de mármore; uma pedra de granito; ou mesmo, um simples paralelepípedo!

Se fora eu uma pedra que faz carroçável o leito das ruas; que mesmo cuspida pelos passantes; calcada aos pés dos caminhantes; mesmo servindo de rolamento para veículos leves ou pesados... Ainda assim, ela, a pedra, se mantem impassível; inerte; insensível... Não reclama; não vocifera; não xinga nem se exaspera;

E, o que dizer da pedra  mármore ou da pedra granito: a despeito de ser cortada, de ser escupida; de servir para tamponar sepulturas; para embelezar fachadas.... não se exaspera, não vocifera, nem ri, nem chora ao ser cortada, batida a martelo, talhada a formões... Impassível, insensível, indiferente, inerte e silenciosa permanece!

Mas: uma pedra também estilhaça; mal manuseada: cai no pé e o machuca; nas mãos de enfurecidos fanáticos: mata; no atrito da  estrada: quebra para-brisas; na avalanche: esmaga... pessoas, casas, carros, algumas vezes, subverte cidades inteiras! 


José Jorge Andrade Damasceno - 27 de junho de 2022 - inverno no hemisfério e no coração!.

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