Eu quisera ser uma pedra!
Ah, se eu fosse uma pedra! Sim, uma pedra: uma pedra de
mármore; uma pedra de granito; ou mesmo, um simples paralelepípedo!
Se fora eu uma pedra que faz carroçável o leito das ruas;
que mesmo cuspida pelos passantes; calcada aos pés dos caminhantes; mesmo servindo
de rolamento para veículos leves ou pesados... Ainda assim, ela, a pedra, se
mantem impassível; inerte; insensível... Não reclama; não vocifera; não xinga
nem se exaspera;
E, o que dizer da pedra mármore ou da pedra granito: a despeito de ser
cortada, de ser escupida; de servir para tamponar sepulturas; para embelezar fachadas....
não se exaspera, não vocifera, nem ri, nem chora ao ser cortada, batida a
martelo, talhada a formões... Impassível, insensível, indiferente, inerte e
silenciosa permanece!
Mas: uma pedra também estilhaça; mal manuseada: cai no pé e o machuca; nas mãos de enfurecidos fanáticos: mata; no atrito da estrada: quebra para-brisas; na avalanche: esmaga... pessoas, casas, carros, algumas vezes, subverte cidades inteiras!
José Jorge Andrade Damasceno - 27 de junho de 2022 - inverno no hemisfério e no coração!.
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