quinta-feira, 22 de julho de 2021

"Eu num quero minhas panela preta"!

Histórias e Memórias de uns tempos vividos em Salvador – “Eu Num Quero Minhas panela Preta!”

 

Entre julho de 1998 e junho de 2000, muito a contragosto, este escrevedor residiu em um apartamento – apertamento -,no segundo andar de um conjunto  residencial construído ao longo da avenida Luís Viana Filho, mais conhecida como Avenida Paralela. Os moradores, talvez, para dar um ar de status social, chamava o dito conjunto de “Condomínio”.

Segundo o proprietário do imóvel, era um apartamento de 51 metros quadrados, que mais parecia uma gaiola de concreto, sobretudo, para quem sempre residiu em casa, embora modesta, porém, ampla, arejada e, principalmente, sem quaisquer tipos de vigilância, claro, excetuando-se aquelas exercitadas por vizinhos ávidos de novidades sobre a vida dos outros. Aliás, tal vigilância era potencializada naquele dito condomínio, visto que a entrada e a saída, a comida e a bebida dos moradores, era vigiada, sabida e criticada por quase todos. As janelas de vidro inteiriço, obrigava a posse de cortinas, sob pena de se bisbilhotar, até mesmo o que um casal fazia sob os lençóis de linho!

O piso era do tipo “Paviflex” e, o da cozinha, saliente-se, estava bastante destabocado; enquanto o banheiro, a qualquer descuido, vazava no apartamento de baixo! Imagine-se o transtorno!

Dona Nair, moradora em um conjunto próximo e conhecida do casal recém aportado na cidade da Bahia – aliás, só o tabaréu que era de Alagoinhas -, indicou uma jovem que lhe prestava serviço de diarista, para que também o fizesse àquele casal, visto que era uma jovem senhora, sem maus hábitos e de confiança, embora, cá entre nós, fosse um tanto quanto atrapalhada das faculdades pensantes!

Certa vez, enquanto fazia o seu serviço, a diarista contou que a senhora sua mãe, ganhara de um dos filhos, uma panela “antiaderente” e, ficou encafifada, pois não entendia por que aquela panela, embora nova, já estivesse preta. A jovem explicou que a panela era de “telefone”... Diante das caras interrogativas do casal, ela explicou:

- Aquela que não gruda...

- Ah, sim, teflon! – Disse a dona da casa...

- Isso, “telefone”, repetiu....

Pois bem, disse ela que sua mãe, não conformada com o “defeito” da panela e, vendo infrutíferos os seus esforços de limpar a sujeira persistente, lançou mão de um pedaço de “Bombril” e, esfregou a dita panela, até que ela ficasse alvinha, como deveria ser...

Sendo chamada a atenção pela filha, dizendo que aquela panela era “moda” e as senhoras para quem trabalhava também possuía, a mamãe argumentou :

- “minha fia, eu num quero minhas panela preta”! 


José Jorge Andrade damasceno - 22 de julho de 2021.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente; quero saber o que você pensa!