Histórias e Memórias de uns tempos vividos em Salvador – “Eu
Num Quero Minhas panela Preta!”
Entre julho de 1998 e junho de 2000, muito a contragosto, este
escrevedor residiu em um apartamento – apertamento -,no segundo andar de um conjunto
residencial construído ao longo da
avenida Luís Viana Filho, mais conhecida como Avenida Paralela. Os moradores, talvez,
para dar um ar de status social, chamava o dito conjunto de “Condomínio”.
Segundo o proprietário do imóvel, era um apartamento de 51
metros quadrados, que mais parecia uma gaiola de concreto, sobretudo, para quem
sempre residiu em casa, embora modesta, porém, ampla, arejada e,
principalmente, sem quaisquer tipos de vigilância, claro, excetuando-se aquelas
exercitadas por vizinhos ávidos de novidades sobre a vida dos outros. Aliás,
tal vigilância era potencializada naquele dito condomínio, visto que a entrada
e a saída, a comida e a bebida dos moradores, era vigiada, sabida e criticada
por quase todos. As janelas de vidro inteiriço, obrigava a posse de cortinas,
sob pena de se bisbilhotar, até mesmo o que um casal fazia sob os lençóis de
linho!
O piso era do tipo “Paviflex” e, o da cozinha, saliente-se,
estava bastante destabocado; enquanto o banheiro, a qualquer descuido, vazava
no apartamento de baixo! Imagine-se o transtorno!
Dona Nair, moradora em um conjunto próximo e conhecida do
casal recém aportado na cidade da Bahia – aliás, só o tabaréu que era de Alagoinhas
-, indicou uma jovem que lhe prestava serviço de diarista, para que também o
fizesse àquele casal, visto que era uma jovem senhora, sem maus hábitos e de
confiança, embora, cá entre nós, fosse um tanto quanto atrapalhada das
faculdades pensantes!
Certa vez, enquanto fazia o seu serviço, a diarista contou
que a senhora sua mãe, ganhara de um dos filhos, uma panela “antiaderente” e,
ficou encafifada, pois não entendia por que aquela panela, embora nova, já
estivesse preta. A jovem explicou que a panela era de “telefone”... Diante das
caras interrogativas do casal, ela explicou:
- Aquela que não gruda...
- Ah, sim, teflon! – Disse a dona da casa...
- Isso, “telefone”, repetiu....
Pois bem, disse ela que sua mãe, não conformada com o “defeito”
da panela e, vendo infrutíferos os seus esforços de limpar a sujeira persistente,
lançou mão de um pedaço de “Bombril” e, esfregou a dita panela, até que ela
ficasse alvinha, como deveria ser...
Sendo chamada a atenção pela filha, dizendo que aquela
panela era “moda” e as senhoras para quem trabalhava também possuía, a mamãe
argumentou :
- “minha fia, eu num quero minhas panela preta”!
José Jorge Andrade damasceno - 22 de julho de 2021.
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