O voto é antes de tudo, um direito do cidadão – uma
responsabilidade de cada eleitor.
O Brasil construiu a ideia de voto “obrigatório”, talvez por
ter uma democracia com raízes pouco profundas, com o fito de evitar que os mais
politizados – ou aqueles que resolvessem trocar o seu voto por quinquilharias
-, escolhessem por aqueles que não julgassem importante comparecer aos locais
de votação, para exercer ali o seu direito de cidadão. Isto equivale a dizer que,
se você não escolher, outros escolherão por você e, o seu direito a corrigir
uma “escolha” que não fez ou não quis fazer, só poderá voltar a ser exercido
quatro anos depois.
Alagoinhas tem um histórico eleitoral muito complexo, na
medida em que se observa a trajetória das eleições nos últimos quarenta anos.
Em 1982, mesmo com o apoio do PCdoB dado ao candidato João Paulilo, Judélio
Carmo foi eleito para governar a cidade por seis anos. Sua intervenção no
processo urbanístico da cidade ainda se faz perceber, na medida em que
estruturou a urbe alagoinhense para receber diversos equipamentos que ainda
hoje conformam a paisagem urbanística do município.
Em 1996, como muitos dos leitores devem lembrar, a cidade
elegeu o pior gestor que esteve à frente do município, considerando-se o
período mencionado. Ao concluir o mandato, além de nada ter sido feito de
duradouro, a cidade estava mergulhada no lixo, administrativamente afundada em
dívidas, inclusive com os seus trabalhadores há vários meses sem os seus
salários e, os demais setores vitais, inteiramente combalidos.
A eleição de 2008, repetida em 2012, apenas para refrescar a
memória dos mais velhos e informar aos mais jovens, marcou o retrocesso no cuidado
com a coisa pública. Os dois mandatos foram permeados por má administração e
pouco transparente gestão dos recursos públicos, implicando em um trabalho
pouco voltado para o benefício da população como um todo, ocasionando obras
megalomaníacas e grandiloquentes, que só beneficiariam aquele espectro dos
munícipes que sempre desfrutaram do melhor quinhão do conforto propiciado pela
sua posição econômica e social e, do bem-estar da localização de suas moradias.
Portanto, é preciso salientar que o voto, embora seja um
direito do cidadão é, sobretudo, um exercício que deve ser calcado na responsabilidade.
O voto em branco não pode ser entendido como uma decisão sábia; tão pouco o
voto anulado, significa um ato inteligente. Ambas as ações apontam para uma
fuga daqueles que não querem assumir posições claras, no que tange às suas
escolhas. Com tais atitudes, estão abrindo mão do direito à escolha, e, por via
de consequência, recusando o direito ao “jus esperniandi”.
Por estas e ainda muitas outras razões, crê-se que as eleições
para prefeitos e vereadores deveriam ser tratadas com muito mais atenção do que
as demais. Elas são o instrumento de que os eleitores dispõem para dar à sua
cidade a oportunidade de ajudar no processo de transformação e de
desenvolvimento do seu local de moradia, onde moureja no dia a dia, no intento
de construir uma urbe limpa, saneada, com boas escolas e com atendimento básico
à saúde.
É assim que os eleitores ganham a cada quatro anos a chance
de escolher o seu prefeito. Para aproveitar bem a oportunidade que é dada ao
cidadão de fazer uma escolha que traga segurança aos munícipes de que se fará
bom uso dela, cada eleitor deve aproveitar o ensejo para fazer as suas escolhas
baseadas em sua consciência cidadã. as propostas dos candidatos devem ser
colocadas de forma clara, e o eleitor deve:
- Julgar racionalmente aquilo que lhe é apresentado;
- Observar a postura do candidato propositor, considerando a
seriedade com que se dirige em busca do voto;
- Avaliar, criteriosamente o discurso tanto do candidato que
se dirige ao eleitor propondo intervenções urbanas, quanto a viabilidade delas;
- Questionar as propostas, considerando de modo equilibrado a
sua capacidade de gerenciar os recursos financeiros de que disporá;
- Usar o seu voto para fazer a sua escolha, não como moeda
de troca;
- Impedir que sejam eleitos candidatos que nada proponham de
plausível – que aliás é o que faz a grande maioria deles -;
- Meditar friamente diante do que lhe for apresentado, para
enfim, tomar a decisão.
Portanto, em 15 de novembro de 2020, é preciso sepultar de
uma vez a carreira política daquele que esteve à frente da gestão municipal por
oito anos. Ele deveria ser rejeitado nas urnas, não só pela péssima gestão da
coisa pública quando governou com os seus amigos e para os seus amigos, como
também pela sanha de querer voltar ao paço municipal, sabe-se lá porque e para
quê!
Jorge Damasceno – 08 de novembro de 2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente; quero saber o que você pensa!