Idos de 1996 - Vinte e cinco anos de docência na Uneb.
Era uma manhã de sol de outono, daquele ano da Graça de
1996. Logo cedo, este escrevente tomou o seu café e, se preparou para cumprir
um compromisso que ansiosamente esperara por alguns longos, ou, porque não
dizer, quase intermináveis meses. Há cerca de quarenta dias, depois de
mobilizar algumas pessoas para esquadrinhar o Diário Oficial do Estado, saíra a
convocação para que se apresentasse munido de documentação e laudos médicos,
para que se desse início ao processo de sua contratação, em cumprimento de sua aprovação
em concurso público.
Assim, não sem alguma apreensão, deixara a sua casa e se dirigira
até a rodoviária de Alagoinhas, urbe de sua moradia, com o objetivo de se
deslocar até a cidade de salvador, para lá iniciar as tratativas junto ao Governo
do Estado, atendendo a aludida convocação.
Ao chegar no Cab, se apresentara como tendo sido aprovado em
concurso e convocado através do Diário Oficial do Estado para comparecer àquela
unidade administrativa, de posse da documentação exigida, com o fito de atender
aos requisitos admissionais para o cargo que fizera jus.
Ali começara um périplo que durara todo o dia, uma vez que a
médica que o examinara, juntamente com a documentação apresentada, achou por
bem exigir que outros laudos lhe fossem entregues, para que pudesse estabelecer
o seu juízo a respeito do caso.
Um atestado comprobatório de cegueira e um eletrocardiograma
foi suplementarmente pedido, o que obrigou o candidato a se dirigir ao hospital
Aliança e, muito bem atendido pelo oftalmologista, dirigiu-se ao Centro Médico
e Odontológico do antigo IAPSEB, nas proximidades do Centro Empresarial
Iguatemi. Lá contou com a benevolência de funcionários e médicos, o que lhe
permitiu não só a realização do exame, como a obtenção do laudo pouco antes do
horário de almoço.
Enfim, de posse dos novos laudos exigidos, volta-se ao Cab e
lá uma espera que parecera não ter fim, se conclui por volta das dezessete
horas, sendo atestado apto para o ingresso no serviço público.
Chegara no setor administrativo da Uneb por volta das dezoito
e trinta, após uma longa espera de ônibus que tivesse o cabula como destino;
após um trajeto marcado por retenções no trânsito. Ao chegar nas salas onde
funcionava o RH, quase não fora atendido, pois, apesar de ainda estar no
horário de serviço, a funcionária já se encontrava de bolsa ao ombro,
dirigindo-se à saída do setor. Depois de muito argumentar, ela resolveu atender
ao candidato, chegado do interior, que teria grande despesa e desgastes caso
precisasse voltar no dia seguinte para concluir o processo admissional iniciado
no Cab.
Enfim, depois de alguns concursos sem êxito; depois de
aguardar quase um ano para ser convocado mediante o concurso exitoso de 1995,
em 20 de março de 1996, quarta feira, por volta das dezenove e trinta horas,
depois de um dia inteiro de idas e vindas, este relator assinava a documentação
que lhe propiciava a admissão nos quadros da Universidade do Estado da Bahia,
para o exercício docente na ainda Faculdade de Formação de Professores de
alagoinhas, no departamento de Ciências Humanas, no colegiado de História.
alguns dias depois, assumia o encargo de ensinar História da
américa, o que ainda hoje faz, embora tendo precisado realizar um grande
esforço intelectual e um grande investimento em bibliografia, para que pudesse
desenvolver a tarefa com alguma qualidade, visto não ser ele pesquisador da
área, o que, aliás, seria muitíssimo relevante para a sua carreira acadêmica e
para a sua docência.
Aqui cabe uma menção especial ao papel desempenhado pela
professora Lina Maria brandão aras, na medida em que foi a pessoa que acolheu a
este garatujador; que forneceu dicas de como ele poderia montar o programa de
américa II que lhe caberia ministrar; que lhe instruiu no tocante à bibliografia
e, até mesmo, passou materiais com os quais se pôde trabalhar naquele iniciar
de caminhada. Portanto, vale explicitar a imensa dívida que se tem para com a
Professora Doutora Lina Maria Brandão Aras que, mesmo em meio às suas muitas
ocupações pessoais e acadêmicas, recebeu este escrevedor em sua residência para
estimular, encorajar e orientar aquele atabalhoado e assustado marinheiro que
estava prestes a começar a sua primeira viagem na condição de docente do ensino
superior.
vai aqui a gratidão deste escrevinhador, ao Deus Eterno que lhe
propiciou iniciar e prosseguir neste labor constante; vai aqui o agradecimento
e caloroso abraço a todos os alunos que, desde aquela data, passaram pelas mãos
desde hoje já sexagenário professor, exigente, chato, insuportável, intragável,
rigoroso, dependendo o modo como este ou aquele aluno o avaliara, por todos
estes vinte e cinco anos.
Não se pode deixar de reconhecer que com um bom número de
alunos se construiu bons laços de amizade, de cooperação, de troca de
experiências, tanto de vida, quanto de aprendizado, a partir de leituras em
comum, de boas e frutuosas conversas presenciais, através de ferramentas de
trocas de mensagens ou, longas chamadas telefônicas; outros tantos, certamente cresceram
e amadureceram intelectual e pessoalmente, ao aprenderem com este e com os demais
professores pelos quais passaram. É gratificante a possibilidade de ter
influenciado, de alguma maneira na vida e na carreira de alguns, poucos, é
certo, mas, não se crê que tenha passado em branco na vida de diversos profissionais
que hoje atuam no ensino fundamental ou médio, em escolas públicas ou privadas.
Enfim: toda gratidão Ao Deus eterno, o doador da vida e
pleno em Graça, abundante em misericórdia, de onde se tirou forças para
começar, para continuar, para prosseguir até aqui; é grande o contentamento por
ter tido todos vocês como alunos.
Um depoimento de lutas e muitas vitórias! Um exemplo a ser seguido.
ResponderExcluirNão consegui ser aluna mas fui secretaria.... E por muitas vezes manuseei livros de História da América, dos quais ainda lembro alguns trechos.
Deus te abençoe por esses 25 anos de Docência.