segunda-feira, 22 de março de 2021

Idos de 1996

 

Idos de 1996 - Vinte e cinco anos de docência na Uneb.

 

Era uma manhã de sol de outono, daquele ano da Graça de 1996. Logo cedo, este escrevente tomou o seu café e, se preparou para cumprir um compromisso que ansiosamente esperara por alguns longos, ou, porque não dizer, quase intermináveis meses. Há cerca de quarenta dias, depois de mobilizar algumas pessoas para esquadrinhar o Diário Oficial do Estado, saíra a convocação para que se apresentasse munido de documentação e laudos médicos, para que se desse início ao processo de sua contratação, em cumprimento de sua aprovação em concurso público.

Assim, não sem alguma apreensão, deixara a sua casa e se dirigira até a rodoviária de Alagoinhas, urbe de sua moradia, com o objetivo de se deslocar até a cidade de salvador, para lá iniciar as tratativas junto ao Governo do Estado, atendendo a aludida convocação.

Ao chegar no Cab, se apresentara como tendo sido aprovado em concurso e convocado através do Diário Oficial do Estado para comparecer àquela unidade administrativa, de posse da documentação exigida, com o fito de atender aos requisitos admissionais para o cargo que fizera jus.

Ali começara um périplo que durara todo o dia, uma vez que a médica que o examinara, juntamente com a documentação apresentada, achou por bem exigir que outros laudos lhe fossem entregues, para que pudesse estabelecer o seu juízo a respeito do caso.

Um atestado comprobatório de cegueira e um eletrocardiograma foi suplementarmente pedido, o que obrigou o candidato a se dirigir ao hospital Aliança e, muito bem atendido pelo oftalmologista, dirigiu-se ao Centro Médico e Odontológico do antigo IAPSEB, nas proximidades do Centro Empresarial Iguatemi. Lá contou com a benevolência de funcionários e médicos, o que lhe permitiu não só a realização do exame, como a obtenção do laudo pouco antes do horário de almoço.

Enfim, de posse dos novos laudos exigidos, volta-se ao Cab e lá uma espera que parecera não ter fim, se conclui por volta das dezessete horas, sendo atestado apto para o ingresso no serviço público.

Chegara no setor administrativo da Uneb por volta das dezoito e trinta, após uma longa espera de ônibus que tivesse o cabula como destino; após um trajeto marcado por retenções no trânsito. Ao chegar nas salas onde funcionava o RH, quase não fora atendido, pois, apesar de ainda estar no horário de serviço, a funcionária já se encontrava de bolsa ao ombro, dirigindo-se à saída do setor. Depois de muito argumentar, ela resolveu atender ao candidato, chegado do interior, que teria grande despesa e desgastes caso precisasse voltar no dia seguinte para concluir o processo admissional iniciado no Cab.

Enfim, depois de alguns concursos sem êxito; depois de aguardar quase um ano para ser convocado mediante o concurso exitoso de 1995, em 20 de março de 1996, quarta feira, por volta das dezenove e trinta horas, depois de um dia inteiro de idas e vindas, este relator assinava a documentação que lhe propiciava a admissão nos quadros da Universidade do Estado da Bahia, para o exercício docente na ainda Faculdade de Formação de Professores de alagoinhas, no departamento de Ciências Humanas, no colegiado de História.

 

alguns dias depois, assumia o encargo de ensinar História da américa, o que ainda hoje faz, embora tendo precisado realizar um grande esforço intelectual e um grande investimento em bibliografia, para que pudesse desenvolver a tarefa com alguma qualidade, visto não ser ele pesquisador da área, o que, aliás, seria muitíssimo relevante para a sua carreira acadêmica e para a sua docência.

Aqui cabe uma menção especial ao papel desempenhado pela professora Lina Maria brandão aras, na medida em que foi a pessoa que acolheu a este garatujador; que forneceu dicas de como ele poderia montar o programa de américa II que lhe caberia ministrar; que lhe instruiu no tocante à bibliografia e, até mesmo, passou materiais com os quais se pôde trabalhar naquele iniciar de caminhada. Portanto, vale explicitar a imensa dívida que se tem para com a Professora Doutora Lina Maria Brandão Aras que, mesmo em meio às suas muitas ocupações pessoais e acadêmicas, recebeu este escrevedor em sua residência para estimular, encorajar e orientar aquele atabalhoado e assustado marinheiro que estava prestes a começar a sua primeira viagem na condição de docente do ensino superior.

vai aqui a gratidão deste escrevinhador, ao Deus Eterno que lhe propiciou iniciar e prosseguir neste labor constante; vai aqui o agradecimento e caloroso abraço a todos os alunos que, desde aquela data, passaram pelas mãos desde hoje já sexagenário professor, exigente, chato, insuportável, intragável, rigoroso, dependendo o modo como este ou aquele aluno o avaliara, por todos estes vinte e cinco anos.

Não se pode deixar de reconhecer que com um bom número de alunos se construiu bons laços de amizade, de cooperação, de troca de experiências, tanto de vida, quanto de aprendizado, a partir de leituras em comum, de boas e frutuosas conversas presenciais, através de ferramentas de trocas de mensagens ou, longas chamadas telefônicas; outros tantos, certamente cresceram e amadureceram intelectual e pessoalmente, ao aprenderem com este e com os demais professores pelos quais passaram. É gratificante a possibilidade de ter influenciado, de alguma maneira na vida e na carreira de alguns, poucos, é certo, mas, não se crê que tenha passado em branco na vida de diversos profissionais que hoje atuam no ensino fundamental ou médio, em escolas públicas ou privadas.

Enfim: toda gratidão Ao Deus eterno, o doador da vida e pleno em Graça, abundante em misericórdia, de onde se tirou forças para começar, para continuar, para prosseguir até aqui; é grande o contentamento por ter tido todos vocês como alunos.

Um comentário:

  1. Um depoimento de lutas e muitas vitórias! Um exemplo a ser seguido.

    Não consegui ser aluna mas fui secretaria.... E por muitas vezes manuseei livros de História da América, dos quais ainda lembro alguns trechos.

    Deus te abençoe por esses 25 anos de Docência.

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