domingo, 14 de junho de 2020

Crônica de um conflito de agendas.


Idos de 1979 – Geni e os dois convidados.

Havia uma garota cujo nome este escrevedor não se lembra com precisão e, ainda que lembrasse, certamente não o traria para esta crônica. Assim, aqui ela será chamada de Geni, remetendo-se ao sucesso musical de Chico Buarque de Holanda, “Geni e o Zepelim”, bastante executado naqueles idos de setenta e nove, inserido no excelente disco “Ópera do Malandro”, em crítica genial e mordaz ao regime de exceção que dirigia com força e fúria o Brasil de então.
Clique para conhecer ou recordar: https://youtu.be/jsB--twZgng
A dita Geni desta crônica, não diferia muito da “Geni” saída da excepcional inteligência de Buarque de Holanda, talvez, somente por não ter recebido pedidos insistentes e pungentes para aceitar “servir” ao comandante do Zepelim. Também ela, gostava de colecionar namorados, de tal modo que até confundia as “agendas” e acontecia de inclinar-se aos cortejos de dois ou mais, a um só tempo.
Talvez fosse abril, ou princípios de maio. O certo é que era uma tarde de  sábado e, após um turno de trabalho, ele se arrumou, colocou algum dinheiro na carteira e saiu com destino ao Largo do Tanque, com o objetivo de encontrar-se com a jovem cortejada, quem sabe, para saírem, não se tinha ao certo para onde.
Ao chegar naquela residência, após vencer um íngreme caminho enladeirado, percebeu algum constrangimento, um certo mal-estar; uma certa dificuldade que Geni não conseguia esconder, visto que tivera acertado para aquela mesma tarde, um outro compromisso, com um outro rapaz, que também a houvera cortejado.
Dentro de alguns minutos, depois de alguma tentativa de explicar o que estaria acontecendo, o outro convidado também chegara, com o mesmo objetivo do primeiro: sair com Geni!
Mas, percebendo que o que chegara depois, já possuía alguma familiaridade com a casa e com as pessoas que cercavam a cortejada, o primeiro rapaz chamou o segundo de lado e o indagou se havia ali por perto, um lugar para uma cerveja e uma conversa. Demonstrando conhecer bem o lugar em que pisava, respondeu afirmativamente e, aceitou o convite para se dirigirem ao dito local.
Depois de boas gargalhadas a respeito da situação esquisita e, depois de alguns bons copos de produto fabricado em Camaçari, o primeiro resolveu que não valia qualquer esforço para atravessar o caminho daquele que já frequentava o espaço feminino em aparente disputa, com maior desenvoltura e conhecimento de causa.
Assim pensando, após pagarem a conta, despediram-se e, o primeiro retornou para o local onde residia, ao passo que o segundo voltou para concluir o projeto momentaneamente interrompido por conta do contratempo provocado pelo “conflito de agendas”.
Nunca mais se voltou a encontrar o segundo rapaz, nem mesmo se veio a saber de qualquer notícia de Geni.


Professor Jorge Damasceno.

3 comentários:

  1. Essas Genis, heim, sempre metidas em situações controversas. Texto muito bom, professor. Forte abraço!

    ResponderExcluir
  2. Essas Genis da vida, sempre metidas em situações controversas. Texto muito bom, professor. Forte abraço.

    ResponderExcluir

Comente; quero saber o que você pensa!