sexta-feira, 20 de dezembro de 2024
Diagnóstico "depressivo"; Prognóstico "irrecuperável"; crime: "heresia social"; sentença: reclusão e segregação; risco: contaminação.
Considerações acerca de mim mesmo
Eu não poderia ser considerado um admirador da obra de Raul Seixas; nem do seu modo de pensar; menos ainda, do seu modo de ser e viver. Mas, evidentemente, eu não pude escapar aos seus grandes "aforismos", que podiam ser ouvidos e cantados com toda a força dos pulmões. Em grande medida, as suas músicas eram ouvidas por meio das transmissões radiofônicas, visto que eram poucos aqueles que possuíam os equipamentos de execução de músicas em suas casas, sobretudo, nos anos 1970, quando Rausito entrou no nas paradas dos sucessos.
Uma daquelas músicas que fora sucesso por todo o ano de 1974, ainda hoje muito executada nas plataformas agregadoras de músicas, era "Ouro de Tolo". É claro que não se vai aqui querer explicar uma letra tão complexa na variedade dos entendimentos que possa ter vindo a provocar.
O que se quer dizer aqui, é que, alguns anos depois de tê-la ouvido incontáveis vezes, bem como de a ter cantado outras tantas, chegou-se a conclusão que uma das suas estrofes, acaba por falar da maneira de ser e de entender a vida que tem este que ora escreve. O trecho será transcrito aqui, porém, já intercalando um pouco de coisas a mais do que aquelas ditas em tão rápidas e certeiras sílabas:
"Ah, que sujeito chato sou eu, que não acha nada engraçado" - não encontra sentido em nada; que não tem prazer em nada; que não aprecia nada - "Macaco, praia, carro, jornal, tobogã" cinema, viagens, comemorações, restaurantes, roupas, sociabilidades - "eu acho tudo isso um saco"!
E, na estrofe seguinte, ele, mais contundente e devastador, segue adiante com a sua insatisfação com os ditames sociais e com as imposições de posições que tornam a vida insuportavelmente tediosa! Não se pode querer ficar no seu canto quieto; não se pode ficar circunspeto e calado em um ambiente de “festas” ou repleto de pessoas, coisas, sons, ..., que logo os psicólogos/terapeutas –modalidades em grande moda nos últimos anos e nas quais todos se sentem especialistas, entendidos, experts e, tem sempre a última palavra -, cravam os seus diagnósticos: está deprimido; é depressivo; precisa fazer terapia - aliás, eu acabei de fazer uma terapia de pratos, panelas, copos... A pia lá embaixo está limpíssima! A grande descoberta que agora se fez é que, quem escreve estas heresias sociais, é um sujeito tão inteligente, quanto ignorante! Ora, me façam uma garapa de limão, mas, por favor: sem açúcar.
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